Frigoríficos e abatedouros (NR-36)
Olá, tudo bem?! Sou o professor Herbert Bento, do DDS Online, e hoje vou falar sobre os matadouros e frigoríficos. A segurança do trabalho nesses locais é tão importante que existe uma Norma Regulamentadora apenas para eles, a NR-36.
Esses são locais onde ocorre o abate e o processamento de produtos à base de carne. Usa-se esse nome quando são feitos o abate (matadouro) e a produção dos cortes (frigorífico), caso contrário, usa-se apenas um dos nomes.
Se você gosta daquele churrasco de fim de semana, ou daquela lasanha para reunir os amigos na noite de quarta-feira, parte da sua história passa pelo frigorífico. Para que todas as histórias sejam felizes, a saúde e a segurança do trabalho nesses locais são um verdadeiro mundo a explorar. Neste DDS, você vai ler, rever e saber mais com algumas informações que vou trazer para você.
Que norma regulamentadora fala sobre os matadouros e frigoríficos?
O primeiro passo para entender o que o frigorífico precisa é saber quais suas exigências legais. Nas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, a NR-36, de Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados, traz diretrizes específicas. Muito do que vou falar aqui é inspirado na NR-36.
Outras NRs, como a de CIPA (NR-05) e de SESMT (NR-04) também precisam ser consultadas. Elas trazem requisitos que valem para diversos setores além dos frigoríficos.
O manejo dos animais pré-abate
Hoje em dia, muito se fala em bem-estar animal. Mais do que uma preocupação da moda, é muito importante pensar nisso ao receber os animais no frigorífico porque as viagens levam a muito estresse, e bichos estressados representam:
- Futuros problemas de qualidade na carne.
- Possibilidade de lesões e ferimentos nos trabalhadores do manejo.
Todo trabalhador desses estágios iniciais precisa estar ciente da melhor forma de realizar seu trabalho. Um bovino gira em torno de uma tonelada, é forte e possui chifres. Apesar de que o animal seja dócil na fazenda, o manejo antes da morte pode deixá-lo mais arredio, e não será com base na força que o trabalhador irá resolver, mas entendendo o comportamento do animal e direcionando esse comportamento para que faça o que é desejado.
A realização dos abates
Bovinos, suínos, ovinos, aves e animais exóticos criados em cativeiro são direcionados ao abate, cuja etapa inicial é a insensibilização. Por diversas técnicas, o animal fica inconsciente instantaneamente e, a partir disso, é feito um corte onde ocorre a sangria. A perda de sangue promove a morte do animal, que ocorre sem dor se a insensibilização for bem feita.
Algumas culturas possuem critérios especiais dentro do abate. Para os povos islâmicos, o frango Halal é abatido por muçulmanos, seguindo regras desde a posição da calha de sangria até a faca utilizada nos cortes, a Scimitarra.
Etapas de corte, desossa e embalagem
Postos de trabalho e ergonomia
As tarefas em frigoríficos podem ser realizadas em pé ou com o trabalhador sentado. Quando sentado, deve ser possível apoiar toda a planta dos pés e ajustar a altura do assento conforme as dimensões do trabalhador.
Apesar de que pareça algo inocente, não é adequado que seja preciso arremessar os produtos cortados para o próximo posto de trabalho ou para armazenar. Tudo isso favorece lesões a médio e longo prazo. E como já referi, a NR-36 é a norma que vai detalhar esse tema.
Uso de facas e de chairas
O tipo de animal, se a atividade é de toalete, desossa, depilagem ou outras, são fatores que afetam o tipo de faca. A escolha certa de uma faca, correta afiação, transporte e armazenamento são fatores-chave para a segurança durante o trabalho. Ao contrário do que possa parecer, uma faca sem fio não é mais segura!
O manejo das facas precisa considerar seu transporte ao longo dos postos de trabalho. Ao manusear, o trabalhador não deve apoiar seus dedos sobre ou nas laterais da lâmina. Ferimentos graves podem ser evitados e o trabalho pode se tornar mais simples. Mais um assunto importante dentro da NR-36.
Armazenamento
Os produtos cárneos precisam ser armazenados a baixas temperaturas. Além de um ambiente refrigerado onde é realizado o trabalho de corte e processamento, o armazenamento ocorre em câmaras frias, muitas vezes com temperatura negativa.
O corpo humano não suporta normalmente as temperaturas negativas. Além de roupas adequadas, o tempo de permanência para o trabalho dentro das câmaras frias é limitado. Esse é mais um tópico da NR-36.
Outro ponto a avaliar num frigorífico é a presença de umidade e o frio. Isso favorece doenças respiratórias, o que exige tanto cuidado com as roupas, quanto o monitoramento da saúde dos trabalhadores. Isso ficou nítido ao longo do período de pandemia, onde a incidência de casos de Covid 19 em trabalhadores de frigoríficos era superior à média da população em geral.
A alternância de posições ou de funções de trabalho, e os tempos de pausa
Existe muita repetitividade nos serviços em frigoríficos, baseados em atividades manuais. A exposição ao frio e umidade também podem ser feitas de maneira restrita, conforme a temperatura. Isso leva à necessidade de técnicas que minimizem os problemas gerados, como:
- Alternância de posições, onde deve existir a possibilidade de um trabalhador fazer suas tarefas em pé ou sentado. Outro recurso consiste em trocar os trabalhadores de tarefa para que alternem os membros e movimentos solicitados.
- Tempo limite de permanência na câmara-fria, sendo menor tanto quanto for a faixa de temperatura da câmara.
São previstos na NR-36, também, períodos de pausa para recuperação térmica após o trabalho em câmara-fria, e períodos específicos de pausa aos demais trabalhadores de dentro do frigorífico. As instalações possuem relógios para que os trabalhadores possam saber quando podem fazer a pausa.
Papéis do profissional SST na NR-36
Eu expliquei várias coisas ao longo desse DDS, e muitas outras ainda precisam ser tratadas quando se fala no mundo dos frigoríficos. Como se pode ver, promover a saúde e segurança nesses trabalhos é possível, porém desafiador sem boas condições e trabalhadores capacitados.
O profissional SST precisa entender quais são as maneiras adequadas de realização dos serviços e explicá-las de forma didática e ilustrativa, sempre fundamentado na NR-36. Sempre é importante considerar qual o ambiente de trabalho, o arranjo produtivo e os equipamentos que estão sendo utilizados na empresa (carrinhos, nórias, esteiras, etc.).
Aos empregadores, o profissional SST vai indicar as condições de trabalho adequadas, auxiliar nos procedimentos de escolhas de facas e de chairas, fazer análises ergonômicas, dentre outras atividades. Os requisitos de SST para fazer o trabalho em frigorífico mais seguro, portanto, envolvem empregadores e empregados e incluem serviços de consultorias e de treinamentos de SST. Vou falar mais sobre isso a seguir.
Consultorias
Em relação às normas regulamentadoras, o profissional SST irá se amparar na NR-36, que é bastante extensa e detalhada sobre as características dos equipamentos de corte e escolha de facas. Em consultorias, portanto, o profissional SST irá levar em consideração essa norma regulamentadora, principalmente. Além disso, vistoriar as instalações do frigorífico e entender o processo produtivo pode ajudar na realização de trabalhos mais efetivos.
Treinamentos da NR-36
Parte dos trabalhadores de um frigorífico opera um objeto que parece muito simples, como a faca, e com movimentos do próprio corpo. Pode parecer que por ser simples, não é necessário cuidado durante o trabalho, mas a atividade laboral pode levar a ferimentos até com o manuseio incorreto da faca em relação ao cabo e lâmina.
Portanto, um trabalhador de frigorífico precisa de conhecimento, informações de qualidade e bem estruturadas. Existem também casos de profissionais SST que desejam saber mais ou até repassarem esse conhecimento aos integrantes de suas empresas. Para essas duas situações, os profissionais de SST são os mais capacitados para ministrar treinamentos e, além de nobre função, tem-se uma grande oportunidade de trabalho.
Não basta apenas explicar informalmente quando se trata de exigência legal ou algo mais específico à empresa. É preciso demonstrar de forma estruturada aquele conhecimento aos interessados. Os treinamentos ajudam muito nisso, fazendo com que os interessados aprendam de forma consistente as exigências legais, bem como as condições e os limites de utilização de suas ferramentas de trabalho e de seu próprio corpo.
Como fazer esse treinamento?
Para explicar e realizar um treinamento consistente sobre esse mundo da NR-36, é preciso usar recursos didáticos. Apresentações de slides, apostilas e avaliações de múltipla escolha do conhecimento adquirido são alguns desses recursos, sendo valiosos para a transmissão do conhecimento, aliando-se à bagagem do instrutor.
Apesar disso, produzir um treinamento demanda tempo, pesquisa e atualização constantes. Para um profissional SST, em seu dia-a-dia, produzir esse material, grande esforço pode ser dispendido, o que pode tornar o treinamento oneroso ao consumidor final e pode inviabilizar o desenvolvimento do trabalho de treinamento.
É por isso que contar com alguém especialista em conhecimento na área de SST, que produz materiais didáticos para o desenvolvimento desses cursos é tão importante. Um material de qualidade pode tornar o trabalho lucrativo e viável para todos.
A Escola da Prevenção é um dos produtores de materiais didáticos para SST, e desenvolveu um treinamento sobre “segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados” contendo 41 slides cobrindo os principais requisitos da NR-36. Veja abaixo um print mostrando alguns desses slides.
Todo o material é atualizado conforme a versão vigente da NR-36 e outras normas regulamentadoras relevantes. Além disso o material é editável, ou seja, você pode inserir o logotipo da empresa ou mesmo adaptar o treinamento para condições e equipamentos específicos que você tenha.
Esse material faz parte do Pendrive Treinamentos SST.
Conclusão
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