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Era mais um dia normal de trabalho na fábrica para Chico Distraído, que repete diariamente a mesma rotina há 20 anos. Funcionário dedicado e responsável, Chico Distraído tem apenas um problema, que o próprio apelido identifica: a distração. Não é difícil vê-lo esquecendo de equipamentos ligados, ferramentas fora do lugar, deixando o trabalho inacabado.
Com o passar dos anos e o domínio das atividades, Chico Distraído tem se tornado cada dia mais distraído. Esses dias, ele quase provocou um acidente na fábrica. Distraído foi incumbido de empilhar algumas chapas que seriam utilizadas na produção. Zinho, que era seu colega de trabalho, foi escalado para ajudá-lo.
Os dois trabalhavam na colocação das chapas, empilhando uma a uma. Para alcançar o topo da pilha, os dois estavam sobre um andaime, seguindo os procedimentos indicados por Zé Seguro, o técnico de segurança do trabalho. De tempo em tempo, Zé Seguro passava para fiscalizar o trabalho.
Quando a pilha de chapas estava com um metro e meio de altura, tudo veio abaixo. Limpezinha, o zelador, passava pelo local bem na hora. Chico Distraído saiu correndo para socorrer o companheiro que, por sorte, não se machucou. “Amigo, você se machucou?”, perguntou Chico.
“Foi por pouco”, disse Limpezinha. “Quase passo desta pra melhor. Imagina se tudo isso cai sobre mim?”, falou.
Quando teve certeza de que o zelador estava bem, Chico começou a juntar tudo rapidamente. “Precisamos juntar isso aqui rápido, antes que Zé Seguro passe. Ele não pode ver isso, senão vai sobrar pra gente”, disse Chico.
Zinho, que estava sempre atento às normas de segurança, corrigiu o amigo. “Chico Distraído, vamos juntar tudo e arrumar de novo. Porém, precisamos comunicar ao pessoal da segurança. Isso que aconteceu é um quase acidente e precisa ser registrado”, comentou Zinho. “Poderia ter acontecido algo sério por descuido nosso na sinalização e isolamento do local”, explicou.
Quando Chico Distraído saiu para fazer o registro da ocorrência, pisou em uma mancha de óleo no chão e escorregou. Quase caiu. Olhou para o chão, resmungou e seguiu até a sala do técnico de segurança. “Zé Seguro, tivemos um problema quando empilhamos as chapas. Elas caíram e quase atingiram o Limpezinha.
Sorte que ninguém se machucou!”, disse. Zé Seguro, surpreso com o comunicado da ocorrência, parabenizou Chico pela atitude. “Parabéns, Chico! É assim mesmo que a gente age. Qualquer coisa que aconteça fora da rotina da fábrica deve ser avisado para que possamos tomar providências.
Foi só isso? Mais alguma coisa?”, perguntou.
Chico pensou um pouco e respondeu: “Não, senhor”. Então voltou ao seu local de trabalho.
No caminho, viu seu colega escorregar na mancha de óleo e cair. Ele correu para ajudar e sentiu um leve peso na consciência. “Eu também escorreguei aqui e não fiz nada. Se eu tivesse limpado ou avisado alguém, poderia ter evitado essa queda”, pensou.
Com tantas ocorrências naquele dia, Chico Distraído estava ainda mais desconcentrado e cometeu mais um deslize. Ele deixou a chave de regulagem sobre a máquina. Quando o colega do outro turno chegou para trabalhar e foi ligar o equipamento, bateu na chave que caiu quase em seu pé.
“Ufa! Foi por pouco!”, pensou. “Se caísse no meu pé teria machucado porque é pesada”, completou. Como foi só um deslize, ele ignorou o fato, juntou e guardou a chave. Ele não sabe, mas sua atitude pode vir a prejudicá-lo novamente.
Como o colega do outro turno não comunicou o quase acidente ocorrido, Zé Seguro não sabe que a chave ficou fora do lugar. Chico Distraído não será advertido e poderá repetir o feito, causando um acidente.
Moral da estória
Diferentemente do que muitos pensam, um quase acidente merece tanta ou mais atenção do que um acidente. Ele é um aviso da mesma maneira, com a vantagem de que o acidente pode ser evitado.
Um quase acidente pode facilmente provocar um acidente real quando não se está tão alerta ou quando os reflexos não estão atuando tão bem.
Um quase acidente é sinal claro de que algo está errado. Por isso deve ser comunicado sempre. Faça sua parte e evite que o acidente aconteça.