A diabetes melittus (DM) é uma doença caracterizada por uma disfunção metabólica do nosso organismo, onde os níveis de açúcar no sangue, a glicose, se mantem acima dos valores considerados normais. Existem dois tipos de diabetes melittus, DM tipo 1 e DM tipo 2, que somadas atingem 12% da população brasileira.
Na diabetes mellitus tipo 1, a causa é genética, podendo se manifestar na criança por volta dos 4 à 6 anos de idade ou durante a adolescência. Acontece que o próprio sistema imunológico da pessoa ataca as ilhotas pancreáticas, em especial as células beta 2 que produzem a insulina, impedindo que esta pessoa consiga armazenar a glicose circulante em seu organismo. Sendo assim, podemos dizer que a DM tipo 1 é uma doença autoimune. Segundo a literatura médica, a diabetes melittus tipo 1 corresponde à 5% – 10% do total de casos no Brasil.
Os principais sintomas associados a este tipo de diabetes são:
– aumento do volume urinário (poliúria) – faz xixi toda hora
– aumento da ingestão de água (polidípsia) – sede o tempo todo
– aumento do apetite (polifagia) – vontade de comer tudo, o tempo todo
Associados a perda de peso repentina e acidose metabólica, que provoca respiração ofegante e cheiro de acetona no hálito.
O tratamento nesse caso, é realizado com insulinoterapia, ou seja, você precisa ofertar através de fármacos injetáveis o hormônio que o pâncreas parou de produzir, a insulina.
Por outro lado, a diabetes mellitus tipo 2, tem como causa base uma serie de fatores que na maioria das vezes estão associados a negligência da pessoa portadora da doença, sendo elas: obesidade; dietas hipercalóricas e ricas em carboidratos, principalmente açúcar; sedentarismo; excesso de peso, triglicerídeos elevados, colesterol HDL reduzido, TGL elevado, hipertensão arterial. Pode haver também, histórico familiar positivo para diabetes mellitus tipo 2, requerendo prevenção como forma de não evitar a doença no futuro.
Neste tipo de diabetes, o problema pode estar em dois lugares diferentes: nos receptores de insulina dos tecidos alvo, ou seja, o organismo produz insulina, que se liga a glicose, mais devido ao excesso de glicose já presente no sangue e estocada nos tecidos, estes impedem que mais glicose ganhe o espaço intracelular, ficando “vagando” pela corrente sanguínea, o que representa risco para diversos órgãos e sistemas. O outro local em que o problema pode ocorrer é no pâncreas que começa a ficar exausto de produzir tanta insulina para compensar a negligência pessoal do indivíduo. No total de indivíduos diabéticos, 90% – 95% são DM tipo 2.
Outra característica da diabetes mellitus tipo 2 é que sua manifestação é tardia, geralmente se manifestando após os 45 anos de idade e na maioria das vezes sendo descoberta por acaso em exames de rotina. Os sintomas da diabetes mellitus tipo 2 são os mesmos da tipo 1, porém aparecem de forma mais sutil, nem sempre ao mesmo tempo e por isso podem ser confundidos com inúmeras outras patologias ou quadros clínicos. Nesse caso, o tratamento pode ser feito com fármacos hipoglicemiantes, ou seja, que reduzem a quantidade de glicose no sangue, aumentando a sensibilidade periférica dos receptores de insulina ou em outros casos, fármacos que estimulam o pâncreas a liberar ou produzir maior quantidade de insulina. Associado a isso, o paciente precisa fazer dietas pobres em carboidratos de rápida absorção (alimentos que contem açúcar), acrescentar alimentos ricos em fibras, ingerir muita água, fazer alimentações de três em três horas para manter um padrão metabólico e fazer atividades físicas frequentes.
Como é feito o diagnóstico da diabetes mellitus? Frente ao surgimento de quaisquer sinais ou sintomas e/ou em exame de rotina, avaliar o nível de glicose no sangue. Em jejum de 12 horas, a glicose precisa apresentar valor inferior à 100mg/dl. Se o exame for feito após 3 horas de uma refeição, o resultado deve ser de no máximo 140mg/dl. Pacientes que apresentam glicose de até 126mg/dl em jejum ou entre 140 – 200mg/dl após as refeições estão propensos a doença. Pacientes com glicose acima de 200mg/dl podem ser portadores da doença.
É importante que a pessoa portadora da diabetes mellitus se trate adequadamente por causa das complicações que a doença pode trazer, sendo elas:
– cetoacidose metabólica
– Cegueira
– Coma
– Hiperglicemia
– Coma diabético
– Amputação de membros
– Aterosclerose
– Retinopatia diabética
– Hipertensão
– Tromboses
– Problemas dermatológicos
– Síndrome do pé diabético
– Insuficiência renal
– Problemas neurológicos
– Problemas metabólicos generalizados
– Risco para periodontite
Além desta lista de problemas, o paciente diabético possui risco aumentado duas vezes para acidente vascular cerebral (AVC), ataque cardíaco, principalmente doenças coronarianas. Frente a isso, observa-se a necessidade da prevenção para aquelas pessoas que tenham fatores de risco ou estejam caminhando para um futuro quadro de síndrome metabólica, que pode culminar na instalação da doença. Portadores de diabetes mellitus tipo 1 precisam seguir rígidas dietas e acompanhar sistematicamente os níveis de glicose do sangue, a fim de melhores prognósticos. Fazendo um controle bem feito, associado a dieta, a expectativa de vida é idêntica à de uma pessoa normal.
Por fim, saiba que um paciente diabético só pode ser considerado controlado se apresentar os seguintes resultados, quando submetidos a exames laboratoriais:
– Glicemia de jejum: até 99mg/dl
– Glicemia pós prandial (após alimentação): até 140mg/dl
– Hemoglobina glicosilada (Hb A1C): Limite superior
– Colesterol total: menor que 200mg/dl
– HDL: maior que 45
– LDL: menor que 100
– TGL: menor que 150
– Pressão Sistólica: no máximo 130
– Pressão Diastólica: no máximo 85
– Pressão arterial máxima de 130x85mmHg
– Índice de massa corporal (IMC): abaixo de 25kg/m2