DDS sobre Biossegurança
A palavra biossegurança é composta por dois componentes:
– bio, raiz grega, que significa vida;
– segurança, que se refere à qualidade de ser seguro.
Na edição de 1999 do Dicionário Aurélio, Biossegurança denota “segurança da vida”.
No Brasil, Biossegurança está vinculada à segurança da vida humana, em ambientes da área de saúde, da vida vegetal e às questões que envolvem agravos ambientais.
Definição de biossegurança
Biossegurança é um conjunto de procedimentos, metodologias, ações, técnicas, equipamentos e dispositivos capazes de eliminar ou minimizar riscos inerentes às atividades – pesquisa, desenvolvimento tecnológico, produção, ensino e prestação de serviços – que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente; ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.
A exposição a agentes patogênicos pode provocar infecção, enfermidades. Os líquidos biológicos e os sólidos – quando manuseados nos laboratórios – são, quase sempre, fontes de contaminação.
Os cuidados que devemos ter para não haver contaminação cruzada dos materiais – não contaminar o pessoal do laboratório, da área de saúde, da limpeza; os equipamentos; o meio ambiente e os cuidados com o descarte destes materiais fazem parte das boas práticas, seguindo as regras da biossegurança.
Dica de DDS: Riscos químicos e biológicos no ambiente hospitalar
Portanto, todo funcionário ou estagiário deve receber treinamento e orientação específica sobre ‘boas práticas’ aplicadas ao trabalho que irá desenvolver.
Procedimentos individuais
A manipulação segura de agentes patogênicos e a gestão eficiente de riscos biológicos, químicos, radioativos, tóxicos e ergonômicos constituem fundamentos importantes nos laboratórios. É por isso que devemos adotar práticas e procedimentos adequados em prol da segurança de todos os envolvidos.
Os procedimentos devem abranger desde a escolha apropriada de equipamentos de proteção individual até a implementação de medidas específicas para prevenir acidentes e minimizar a exposição a substâncias perigosas.
A seguir, apresento uma lista exemplificativa de práticas essenciais:
- Conhecer as regras para o trabalho com agentes patogênicos; e os riscos biológicos, químicos, radioativos, tóxicos e ergonômicos com os quais se tem contato.
- Evitar trabalhar sozinho com material infeccioso: uma segunda pessoa deve estar acessível para auxiliar em caso de acidente.
- Usar roupas protetoras de laboratório (uniformes, aventais, jalecos, máscaras) que devem estar disponíveis.
- Usar luvas sempre que manusear material biológico. As luvas devem ser usadas em todos os procedimentos que envolverem o contato direto da pele com toxinas, sangue, materiais infecciosos ou animais infectados.
- Anéis ou outros adereços de mão que interferem com o uso da luva devem ser retirados.
- As luvas devem ser removidas com cuidado para evitar a formação de aerossóis; e descontaminadas antes de serem descartadas.
- Não tocar as luvas de trabalho no rosto; ou em equipamentos que, aparentemente, possam ser manipulados sem proteção, tais como maçanetas, interruptores etc.
- Usar sempre avental ou jaleco ao manipular material sabidamente ou potencialmente patogênico. Retirar o jaleco ou avental antes de sair do laboratório.
- Não usar sapatos abertos.
- Utilizar protetores de face e/ou olhos para proteger-se de respingos, substâncias tóxicas, luz UV.
- Não aplicar cosméticos e não roer as unhas. O uso de jóias ou bijuterias deve ser evitado.
- Não fumar, não comer, não beber no local de trabalho onde há qualquer agente patogênico.
- Evitar o uso de lentes de contato. Se houver necessidade de usá-las, proteja os olhos com óculos de segurança.
- Cabelos compridos devem estar presos.
- Lavar as mãos sempre após manipulação com materiais sabidamente ou com suspeita de contaminação.
- Lavar as mãos sempre após remoção das luvas, do avental ou jaleco e antes de sair do laboratório.
- Nunca pipetar com a boca. Use dispositivos de pipetagem: a pera ou pipetador automático.
- Extremo cuidado na manipulação de agulhas para evitar a autoinoculação e a produção de aerossóis durante o uso e descarte.
O que fazer em caso de acidente
O trabalhador envolvido em acidente biológico deverá ser atendido e, se preciso, medicado com urgência (indicado: até duas horas após o acidente). Para isto, o trabalhador acidentado deverá procurar – ou ser encaminhado, dependendo de seu estado de saúde – o médico plantonista mais próximo.
No caso de feridas: utilizar material absorvente embebido em povidine 10% (ou álcool 70%) e retirar material contaminante da pele, mucosa oral ou ferida.
Povidine é um antisséptico para curativos em geral, incluindo feridas, queimaduras, infecções etc.
– Contaminação ocular: lavar exaustivamente em lava-olhos (se não tiver, lavar exaustivamente com solução fisiológica; ou água corrente, em último caso).
Outras recomendações:
- Roupas contaminadas: molhar bem com hipoclorito de sódio (a mais adequada é a concentração de 1%).
- Coletar material infectado para testes.
- Procurar atendimento médico e retirar amostra de sangue.
- Preencher formulário de notificação de acidentes e enviar à chefia imediata.
- De acordo com a Legislação todo acidente de trabalho deverá ser notificado.
- Evitar que líquidos se espalhem cobrindo com material absorvente seco para em seguida colocar o desinfetante e depois descontaminar o material absorvente (autoclave, desinfetante).
Cuidados coletivos necessários
A segurança e eficiência em laboratórios estão ligadas às práticas e procedimentos adotados nas rotinas. Desde a organização do espaço até a implementação de medidas preventivas, cada aspecto vai influenciar na promoção de condições ideais de trabalho.
A seguir apresento um conjunto de diretrizes relacionados a cuidados que todos os profissionais que trabalham nos laboratórios devem se atentar:
- Manter o laboratório limpo e arrumado, devendo evitar o armazenamento de materiais não pertinentes ao trabalho.
- Ser protegido por imunização apropriada quando disponível.
- Agulhas ou qualquer outro instrumento perfurante e/ou cortante devem ser desprezados em recipiente adequado e resistente.
- Não transitar nos corredores com material patogênico a não ser que esteja acondicionado conforme normas de biossegurança.
- A descontaminação da bancada e dos materiais utilizados deve ser feita ao término do trabalho ou, no mínimo, diariamente.
- Todos os procedimentos técnicos devem ser realizados com mínimo de produção de aerossóis.
- Seguir os procedimentos recomendados para o tratamento e descarte de resíduos gerados. Disposições inadequadas poderão constituir focos de doenças infectocontagiosas.
- Devem ser inspecionados, semanalmente: EPIs, extintores, lava olhos, chuveiro de emergência, sinalizações de segurança e demais equipamentos.
- Ambiente adequado, treinamento e aplicação de procedimentos seguros propiciam melhores condições de trabalho, favorecem a saúde dos colaboradores e, consequentemente melhoram a produtividade.
Esse DDS foi escrito de forma colaborativa pela colega de longa data, Jacira Machado, que gentilmente cedeu ao DDS Online para publicação em nosso site.
Referências bibliográficas
http://www.foar.unesp.br/Home/ComissoeseComites/Biosseguranca/manual_biosseguranca.pdf
http://www.fiocruz.br/ioc/media/101027_Biosseguranca%20de%20OGM_V1.pdf