Estressadinho e Desligado: o caso da chave de fenda voadora
Eram dois amigos, que trabalhavam no setor de manutenção de uma fábrica, em Osasco, São Paulo. Estressadinho era baixo, cerca de 1,60 metros de altura, um corpo forte, um pouco acima do peso, já ostentava uma certa barriguinha com os seus 45 anos bem vividos.
Desligado era magro, bem mais alto e fazia o tipo bonaxão, boa praça, falava com todo o mundo e era bem quisto pelos amigos. Sua marca registrada era sua calvície, já bem avançada. Característica que herdara de seu pai. Ele era o oposto de Estressadinho que, com seu estilo “falo o que me vem na telha” adorava comprar uma briga. Apesar das diferenças, os dois eram amigos.
Quando estavam trabalhando, Estressadinho usava corretamente os EPIs que haviam sido indicados pelo TST da empresa. Embora ele falasse abertamente, “esse técnico de segurança é muito mala”, sabia, no fundo, que era para o seu bem e usava os EPIs, pois entendia os risco do seu ambiente de trabalho, embora não gostasse de demonstrar isso aos colegas. Gostava de passar por machão.
Já Desligado achava que nada nunca ia acontecer com ele. Havia lido alguns livros de auto-ajuda e teoria new age e acreditava que se preocupar com coisas ruins acabavam trazendo essas coisas ruins para ele. Seu estilo despojado trazia muitos amigos, que gostavam do seu jeito leve de ser.
Certo dia os dois amigos trabalhavam juntos na recuperação de uma bomba hidráulica no segundo andar do prédio da manutenção. Faltavam poucos minutos para o horário do almoço e
ambos já estavam loucos por uma pausa. Era dia de bife de fígado no refeitório da empresa e só de pensar na comida ambos ficavam com água na boca.
Mas a tal bomba hidráulica não estava nem aí para o desejo de ambos. Ela precisava pelo menos ser desmontada antes do intervalo de almoço, para que após o almoço eles pudessem fazer os reparos necessários. Afinal, suas tarefas de manutenção precisavam ser cumpridas no prazo.
O corpo da bomba parecia um pouco enferrujado em seu interior e estava difícil de removê-lo. Precisariam usar o apoio de um objeto metálico. Desligado sugeriu usarem uma chave de fenda para forçar a abertura. Estressadinho logo concordou a colocou seus óculos de segurança para se prevenir.
– Você hein? Não perde essa mania de atrair coisa ruim! Disse Desligado.
Finalmente, após algum esforço que deixou os dois ainda mais com fome, conseguiram remover o corpo da bomba. Desligado, rapidamente, deixou a chave de fenda sobre o parapeito da janela.
– Vai deixar isso aí cara? Disse Estressadinho.
– Na volta arrumo. Vamos que já sinto o cheiro do bife de fígado … hummm …acebolado …. Vamos comer! Respondeu Desligado.
Ao voltar do almoço, seus outros amigos da manutenção trabalhavam próximos ao local onde estava a bomba hidráulica desmontada. Bem parto dali, eles não notaram aquela chave de fenda, sobre o parapeito da janela. Um dos colegas, precisou deslocar um saco de lixo do lugar e se desequilibrou, lançando seu braço por sobre o parapeito da janela, lançando a chave de fenda longe, em direção ao solo, lá embaixo no primeiro andar.
Infelizmente, nesse momento, Estressadinho e Desligado voltavam do almoço. A chave de fenda bateu com força sobre a cabeça de Desligado, causando um ferimento. Sangue escorreu sobre sua cabeça. Foi imediatamente levado à enfermaria onde as medidas de primeiros socorros foram tomadas.
Desligado comentou posteriormente que a dor era forte, mas o pior era ouvir os comentários de Estressadinho que não parava de repetir: “viu, eu avisei!” ou então “ainda bem que essa chave de fenda caiu sobre a sua cabeça, para você aprender, se fosse em cima da minha eu te esganava!”.
A amizade dos dois perdurou e esse incidente serviu de aprendizagem. E você, o que aprendeu com essa história? Discuta agora entre seus colegas e veja que lições podem ser tirados dessa história.