NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde
A NR 32 – Segurança e Saúde no trabalho em serviços de saúde veio para auxiliar na implementação de medidas de proteção à segurança e saúde de todos os trabalhadores dos serviços de saúde, mesmo que não trabalhem diretamente na assistência, como por exemplo, as equipes de manutenção, higiene e limpeza, lavanderia, etc. Não é uma norma específica para os profissionais da enfermagem, como muitos pensam.
Um dos pontos importantes desta Norma é a exigência do uso de materiais perfurocortantes com dispositivos de segurança para minimizar os acidentes com risco biológico. A primeira vista parece que isto se refere apenas à segurança da equipe assistencial, mas a realidade mostra que é para segurança de um grupo de trabalhadores muito maior, pois é muito comum a ocorrência de acidentes com materiais perfurocortantes com a equipe da higiene e lavanderia. Segundo estudos 16% dos acidentes deste tipo ocorrem após o descarte.
Por exemplo, nas lavanderias dos serviços de saúde, encontramos muitos objetos que não deveriam seguir para este setor. Os funcionários, ao fazerem a separação das roupas, se deparam com seringas, agulhas, bisturis, pinças, etc, objetos que podem causar acidentes de trabalho, além de outros como celulares, controle remoto, relógios, teclado de computador entre outros.
O risco com a equipe de higiene e limpeza está presente principalmente ao recolherem os sacos de lixo, podendo perfurar-se com agulhas descartadas incorretamente. Estas deveriam ter sido descartadas nos coletores de perfurocortantes e não nos sacos que não possuem nenhuma resistência à punctura.
Devido estas duas situações, os trabalhadores que utilizarem o material perfurocortante devem ser responsáveis pelo seu descarte. Não podemos confiar que um se lembrará de descartar corretamente algo que outro estava utilizando. Erros são comuns nestes processos.
De qualquer forma a equipe da assistência, médicos, enfermeiros e técnicos, ainda são os mais atingidos por acidentes com risco biológico causados por materiais perfurocortantes.Cerca de 80% dos acidentes ocorrem sob a responsabilidade do profissional que realiza o procedimento.
Para tentar minimizar estes problemas a Norma Regulamentadora 32 veda o reencape e a desconexão manual de agulhas. Este já era um procedimento não permitido na enfermagem, mas ainda é comum ocorrência de acidente durante o reencape. Durante investigações de acidentes causados por reencape, nos deparamos com respostas como: ‘O reencape foi automático’, ‘Eu sei que não pode, mas sempre fiz isso e nunca aconteceu nada’, ‘Na hora eu esqueci’.
Utilizando os materiais perfurocortantes com dispositivo de segurança o risco de acidente após o procedimento e descarte, quando o risco biológico está presente, reduz, mas somente se este for acionado corretamente. Por isso a necessidade de capacitação de toda a equipe para a correta utilização.
Alguns hospitais tem dúvidas sobre quais os perfurocortantes com dispositivo de segurança devem ser utilizados. Estudos indicam que todos aqueles que tem contato com o risco biológico são os mais críticos, portanto, os primeiros a serem implantados. Os demais, como por exemplo, agulhas para aspiração de medicação, por vezes não são substituídos por não terem contato com risco biológico, mas este processo dependerá de cada hospital. A não substituição daqueles sem contato com o agente biológico é uma maneira de reduzir custos, visto que a implantação total gera um impacto financeiro razoável.
Independente de custos, os serviços de saúde devem elaborar o Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com materiais perfurocortantes constando o cronograma de implantação dos materiais com dispositivo de segurança e o acompanhamento do mesmo, para comprovação da redução dos acidentes.
Falaremos do Plano de Prevenção em outro momento.